Pioneiro no Brasil, o Mais Pasto inclui consultorias coletivas e acompanhamento individualizado com visitas às propriedades
Álvaro Müller
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – oferece um modelo inédito no país de assistência técnica para pecuaristas. Realizado em parceria com o Sebrae, por meio do Sebraetec, o Mais Pasto tem o objetivo de auxiliar os produtores na busca por alternativas que permitam o aumento da produtividade, tanto na pecuária de corte como leiteira. Ao todo, cerca de 160 pecuaristas já foram capacitados em sete turmas do programa, único no Brasil a mesclar capacitações coletivas e atendimentos individuais nas propriedades.
O Mais Pasto capacita pequenos e médios pecuaristas para a utilização racional da pastagem e a gestão da propriedade rural. A intenção é que o produtor aproveite ao máximo o potencial dos pastos e melhore os resultados econômicos para ele, seus familiares e funcionários. A partir do diagnóstico da situação de cada propriedade, um plano de melhorias, ações e investimentos é elaborado. Além da consultoria coletiva, com encontros periódicos, o programa garante acompanhamento técnico, com visitas mensais de instrutores do Senar Alagoas às propriedades.
“Levamos para esses pecuaristas técnicas de produção que auxiliam na intensificação da atividade, abordando assuntos sempre relacionados aos animais, à questão agronômica vinculada à produção de pasto, além das técnicas de gestão da propriedade. Isso permite ao produtor calcular custos de produção, fazer planejamento de longo prazo, admitir e administrar pessoas de maneira mais eficiente. Fazemos com que ele se sinta firme e apoiado para aplicar as técnicas que são discutidas em sala de aula“, explica o engenheiro agrônomo e coordenador do Mais Pasto, André Sório.
A capacitação gerencial é feita com base nos três orçamentos da pecuária: alimentar, financeiro e de serviços e mão de obra. As tecnologias aplicadas não demandam investimento elevado e ao mesmo tempo tornam a produção mais efetiva, a exemplo da divisão e rotação de pastagens para aumentar a produção de pasto e a carga animal da propriedade; proteção dos mananciais, que melhora o abastecimento de água para o rebanho; plantio de pasto com utilização de calcário ou gesso incorporados, para aumentar a área de solo explorada pelas raízes; e utilização de inseminação artificial para introdução de genética superior.
Os resultados são evidentes. A Fazenda Árvore Comprida, no município de Campo Alegre, começou a ser acompanhada pelo programa Mais Pasto em fevereiro do ano passado. Desde então, o índice de unidade animal por hectare saltou de 0,8 para 2,07 UA/ha. Para se ter ideia do que este número representa, no ano de 2017, a média na região Centro-Oeste, referência nacional em pecuária, era de 1,11 UA/ha.
“Nós implantamos o sistema Voisin de pastoreio. A propriedade foi setorizada para a pecuária de cria, fizemos setores para vacas, maternidade, para novilhas, onde será feita a recria. Essas subdivisões permitem melhorar o manejo da pastagem, aproveitar as áreas que até então não eram devidamente aproveitadas e também dão um tempo ideal de descanso para o pasto. Assim, conseguimos aumentar a quantidade de animais por hectare”, explica o consultor do Programa Mais Pasto, Alfredo Tavares Seixas Neto.
O pecuarista Thiago Maia, proprietário da Fazenda Árvore Comprida, comemora os resultados. “O modo de criação que tínhamos aqui era o mesmo que o meu avô aprendeu com o pai dele e vinha sendo utilizado há 90 anos, com piquetes enormes e pastoreio extensivo. Com as mudanças que implementamos, a evolução dos últimos meses foi muito maior do que décadas de criação. Todo o gado que criávamos em 100% da propriedade, hoje conseguimos criar em 40%. Com as técnicas modernas, o gado fica restrito a uma pequena área, não precisa caminhar grandes distâncias para beber água, os pastos respondem melhor. O índice de retorno é altíssimo”, avalia.
Para o superintendente do Senar Alagoas, Fernando Dória, o Mais Pasto é uma estratégia importante para alavancar a pecuária em Alagoas. “Os diferenciais são muito grandes, o programa é voltado para a pecuária de corte e leite, trabalha o campo, manejo, solo, água, nascente, proteção, gestão, permite a capacitação de produtores e funcionários. É uma iniciativa única no Brasil, que veio para mudar a vida do pecuarista”, comenta.