Presidente da Faeal, Álvaro Almeida, fala aos produtores na abertura do dia de campo

Mais de 150 pecuaristas alagoanos participaram, na última sexta-feira, 23, de um Dia de Campo no Parque de Exposições Mair Amaral, município de Batalha. Eles tiveram acesso aos dados preliminares do projeto Forrageiras para o Semiárido – Pecuária Sustentável, iniciativa do Instituto CNA em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.

O projeto tem o objetivo de recomendar as forrageiras que melhor se adaptam ao clima da região, para que sirvam de fonte de alimento para os rebanhos. Em Alagoas, 18 tipos de plantas são testadas, entre gramíneas anuais e perenes, cactáceas e lenhosas.

Os primeiros dados coletados mostram, por exemplo, que, entre as gramíneas perenes, o capim-massai foi o que mais produziu matéria seca por hectare. Já entre as cactáceas, a palma Orelha de Elefante Mexicana foi uma das variedades mais produtivas e se mostrou bem adaptada à região, com baixa incidência de pragas e doenças.

Ana Mera: “Dados preliminares ainda não servem como recomendação”

A assessora técnica do Instituto CNA, Ana Mera, ressalta que os resultados são preliminares e ainda não valem como recomendação para os produtores. “Nós fizemos algumas coletas de dados no período chuvoso, passamos por um período de seca e, agora, estamos realizando a segunda parte da coleta de dados no período chuvoso seguinte. A ideia é que a gente comece a observar aquelas plantas que apresentaram maior resistência e adaptação”, explica.

“Já sabemos algumas variedades que vêm se destacando entre as gramíneas perenes e até mesmo entre as anuais; já demos um corte no milheto este ano e vemos agora a rebrota desta variedade; os milhos também estão se desenvolvendo muito bem aqui na região e ainda há novas variedades de palma, com algumas mais resistentes às pragas e à própria seca”, comenta o técnico de campo Alexis Wanderley.

Para o pesquisador da Embrapa Semiárido, Rafael Dantas, os primeiros resultados são muito significativos. “O ano passado, por conta das condições climáticas, a produtividade foi baixa em algumas culturas, como, por exemplo, o sorgo e o milho. No entanto, plantas como o milheto, mesmo naquela condição do ano passado, conseguiram se destacar. Isso é bastante relevante para o projeto, que tem justamente o objetivo de trazer alternativas para esta realidade enfrentada pelos pecuaristas da região”, observa.

Produtores a caminho da URT

Referência Tecnológica
Para que as pesquisas pudessem ser desenvolvidas, o Governo do Estado cedeu um espaço, dentro do Parque de Exposições Mair Amaral, que hoje funciona como uma das 13 unidades de referência tecnológica do Forrageiras para o Semiárido espalhadas em todo o Nordeste e no norte de Minas Gerais. Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura, Silvio Bulhões, a iniciativa é importante para o desenvolvimento econômico de Alagoas.

“Quase todo o leite é produzido na região semiárida, portanto, alternativas de nutrição dos animais, na produção de alimentos volumosos e com fontes proteicas para a suplementação do rebanho, reduzirão o custo do produtor, aumentarão a viabilidade da atividade e fomentarão a economia do estado”, pondera Bulhões.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), Álvaro Almeida, reforça a importância de se fortalecer a pecuária, principalmente, no momento de dificuldade por que passa a lavoura canavieira. “Se desenvolvermos a pecuária, ela ocupará um pouco da área que está sendo deixada pela cana-de-açúcar. Temos outras atividades, como eucalipto, grãos, mas a pecuária sempre foi de muita importância para o estado e devemos fortalecê-la ainda mais”, afirma.

Pesquisadores e técnicos explicaram sobre adaptação de cada cultura

Entre os pecuaristas que participaram do dia de campo, o clima é de otimismo. “Hoje, o nosso desafio é custo de produção, porque produzimos aqui, mas estamos concorrendo com o mundo. Neste cenário, um projeto que traz alternativas de forragem com baixo risco de colheita, ou seja, com uma probabilidade muito alta de não perdermos a cultura, será um marco para a nossa região”, comemora André Ramalho, presidente do Sindicato Rural dos Produtores de Leite de Alagoas – Sindileite.

Domício Silva, presidente da Associação dos Criadores de Alagoas – ACA –, também reconhece a importância do projeto. “Para produzir bem e se desenvolver, o produtor necessita do alicerce da pesquisa que a CNA, a Faeal e a Embrapa estão trazendo para nós. Os pecuaristas estão cada vez mais abertos às inovações e a alta participação no dia de campo é uma prova de que eles querem absorver novos conhecimentos para crescer na atividade”, diz.

O produtor de leite Sávio Alexandre, do município de Major Izidoro, foi a Batalha conferir de perto o projeto Forrageiras para o Semiárido e gostou do que viu. “Eu nunca tinha participado de um dia de campo como esse. É muito produtivo para a gente que nasceu no campo, vive na atividade, mas, quando acompanha os técnicos, que têm um conhecimento profundo das culturas, acaba aprendendo coisas novas, adquirindo conhecimento para melhorar a nossa produção”, ressalta.

Divididos em grupos, produtores percorreram as estações

Aplicativo
Os pecuaristas também tiveram a oportunidade de conhecer o aplicativo Orçamento Forrageiro, desenvolvido pela CNA em parceria com a Embrapa. Gratuito e disponível inicialmente na plataforma Android, o software auxilia o pecuarista na gestão dos recursos forrageiros de forma mais eficiente e lucrativa.

O produtor consegue fazer o planejamento alimentar do rebanho. Para isso, basta informar a quantidade de animais – divididos por espécie e categoria –, o peso médio de cada um e a quantidade de forrageiras disponíveis na propriedade. Com essas informações, o aplicativo prevê o saldo forrageiro mês a mês e estima a reserva necessária para o período de um ano. Além disso, fornece indicadores para a tomada de decisões como armazenar ou plantar mais forrageiras, adquirir ou vender animais.

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