Presidente da Faeal fala sobre conquistas de 2019 e desafios para o próximo ano

Álvaro Almeida crê em um 2020 mais pujante para o setor

“Mostramos, mais uma vez, que temos capacidade de enfrentar as adversidades”. A afirmação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), Álvaro Almeida, dá o tom de um 2019 de bons resultados no campo. Em entrevista à Gazeta Rural, o dirigente fala sobre as conquistas na produção de grãos, bovinocultura de leite, destaca a recuperação do setor sucroalcooleiro e elenca demandas prioritárias para o próximo ano.

Presidente, como o senhor avalia o ano de 2019 para o agro brasileiro?
Álvaro Almeida – Este foi o primeiro ano de um governo que compreende a importância do setor agropecuário para o desenvolvimento do país e já se mostrou disposto a apoiá-lo. Na área econômica, a aprovação da Reforma da Previdência reacendeu a confiança do mercado financeiro. A histórica aprovação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia endossou o interesse do Brasil em escoar cada vez mais seus produtos agrícolas e pecuários para alimentar o mundo. A Medida Provisória nº 897 estabeleceu melhorias no ambiente de negócios para o agro, modernizou os instrumentos de crédito e passou a estimular os financiamentos privados, atraindo investidores estrangeiros. Naturalmente ainda temos desafios, sobretudo no sistema tributário e no cenário fiscal restritivo, mas estamos no caminho certo, implementando medidas austeras e que incentivam a produtividade de quem mais gera emprego e renda no país.

O Governo Federal também lançou, este ano, o Plano Agronordeste. O que isso representa para a região?
AA – Significa alçar o Nordeste à merecida condição de protagonista do agronegócio brasileiro e conectá-lo ao mercado internacional. A partir da implementação de ações de assistência técnica, o programa fomentará as melhores práticas agropecuárias internacionais e, por outro lado, estimulará o empreendedorismo e o cooperativismo para que se possa agregar valor aos produtos e produzir em grande escala. O comitê alagoano do Agronordeste já começou a discutir as estratégias e ações a partir das necessidades específicas do nosso estado. O projeto priorizará a região da bacia leiteira e será fundamental para o desenvolvimento do nosso semiárido.

E como foi este ano de 2019 para o agro em Alagoas?
AA – Mostramos, mais uma vez, que temos capacidade de enfrentar as adversidades com muita criatividade e competência dos nossos produtores rurais e com a sensibilidade de um governo que não tem medido esforços para apoiar o nosso setor. A Federação da Agricultura e Pecuária esteve à frente de negociações importantes durante todo este ano e não houve um pedido sequer negado pelo Governo de Alagoas. Conseguimos, por exemplo, o incentivo fiscal para a produção de grãos, uma alternativa interessante para o aproveitamento de áreas deixadas pela cana-de-açúcar e que tem atraído investidores de outros estados. Outra conquista importante foi a suspensão da cobrança de ICMS sobre o leite in natura vendido para Sergipe. Esta medida abrandou uma crise econômica instaurada na bovinocultura de leite e agravada pelos entraves do Governo de Pernambuco, que passou a cobrar mais impostos das indústrias de laticínios que comprassem o leite alagoano. Paralelo a tudo isso, o setor sucroalcooleiro começou a sair da crise econômica que vem enfrentando nos últimos anos, graças, dentre outros fatores, à regularidade do clima. Tudo isso acarreta geração de emprego, renda e reforça a nossa confiança em um 2020 mais pujante.

Quais devem ser as prioridades do agro alagoano para o próximo ano?
AA – A construção de abatedouros públicos é prioridade para 2020. Nós temos 102 municípios e apenas 14 abatedouros funcionando em Alagoas, não podemos continuar consumindo carne de animais abatidos em bananeiras porque os municípios não dispõem de locais adequados. O Estado precisa planejar uma política de incentivo à construção desses espaços. Além disso, continuaremos cobrando a conclusão das obras e uma política eficiente de gestão da água do Canal do Sertão, com a participação de produtores e trabalhadores rurais. A nossa sugestão é a criação de um conselho fiscalizador, a partir das demandas do agronegócio, da pecuária e da agricultura. Além disso, temos outras pautas importantes, como o fortalecimento do Programa do Leite.

Em 2020 será iniciado o Programa Estadual de Barragens Subterrâneas, um pleito da Faeal. Qual é a expectativa?
AA – A barragem subterrânea é uma tecnologia social barata e capaz de garantir água o ano inteiro para famílias de pequenos agricultores do semiárido. Por isso articulamos atores e instituições públicas, provocamos uma grande discussão sobre o tema e o Governo do Estado comprou a ideia. A meta do programa é construir duzentas barragens subterrâneas, com a estimativa de manter mil famílias no campo e produzindo. Levando em consideração o fato de que Alagoas hoje tem cerca de trinta mil pequenas propriedades a menos do que tinha em 2006, segundo dados do IBGE, e de que a nossa população rural está envelhecendo, temos a certeza de que esta iniciativa será importante para fixar o jovem no campo e movimentar a economia dos municípios do semiárido.

Para finalizar, que mensagem o senhor deixa para o produtor rural alagoano neste fim de ano?
AA – A de que dependemos da vontade dele para continuar defendendo os seus interesses. A Federação da Agricultura e Pecuária de Alagoas e os sindicatos rurais são entidades vinculadas à Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), a casa do produtor rural brasileiro. Tanto na esfera federal, quanto na estadual, temos tido conquistas importantes. Em Alagoas, por exemplo, firmamos recentemente uma parceria com o BNB para a ampliação das aplicações de crédito. Por meio do Senar, já atendemos mais de 329 mil alagoanos em atividades de educação profissional, assistência técnica, promoção social e contribuímos para o desenvolvimento sustentável do campo. Em dez anos, nossos programas de saúde contabilizaram mais de 18 mil exames de citologia, PSA e toque retal. Tudo isso vem sendo realizado exclusivamente com recursos provenientes das contribuições dos produtores de Alagoas e é importante reconhecermos as parcerias com o Governo do Estado, Sebrae, sindicatos, prefeituras, entre outras instituições. Nós queremos continuar defendendo o setor agropecuário, qualificando o homem e a mulher do campo, mas, para isso, precisamos que o produtor recolha em dia a sua contribuição sindical rural. Somente assim, seguiremos construindo o futuro que desejamos para todos.

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