O trabalho de Fernando Antônio da Silva, 45, na produção de macaxeira, na zona rural de Arapiraca, é uma “inspiração” para o filho Gustavo Fernando da Silva. O jovem de 20 anos diz que já tem planos para o futuro na “roça”.
“Não tenho vontade de sair daqui. É muito diferente trabalhar em uma coisa que é nossa. Penso em fazer uma faculdade na área de agronegócio para trazer tecnologia e melhorar a nossa produção aqui na roça. Produzir alimentos para as pessoas dá um orgulho danado”, diz Gustavo.
A trajetória de Fernando foi diferente. Antes de se tornar um produtor rural e voltar a trabalhar na propriedade da família, ele seguiu os planos dos irmãos e foi em busca de emprego na “cidade grande”. Aos 18 anos, deixou Arapiraca e partiu para São Paulo.
Conseguiu um emprego na capital e foi lá que conheceu Aline Fabiana, recém-chegada também de Arapiraca. Casaram e tiveram os filhos Gustavo e Ana Luísa da Silva.
Com o passar do tempo, Fernando reavaliou a possibilidade de voltar para Arapiraca e trabalhar na propriedade rural da família. Para isso, começou a “juntar dinheiro” com o objetivo de “construir uma casinha e plantar”.
“Quando voltei, vi a alegria do meu pai. Não era aquele menino que tinha ido embora quase que fugido, mas um homem decidido a cuidar da nossa terra. Antes dele falecer, eu estava aqui com uma área já plantada”, lembra Fernando, emocionado.
Mas os desafios na produção da macaxeira eram grandes e Fernando, que havia ficado muito tempo fora, enfrentava uma série de dificuldades. Foi aí que, graças a um “compadre”, ouviu falar do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) pela primeira vez.
“Ele perguntou se eu queria ter um acompanhamento de um profissional na produção de macaxeira. Claro que eu quis”, conta. E foi aí que apareceu a Assistência Técnica e Gerencial do Senar na vida de Fernando e “tudo começou a melhorar” na propriedade.
A primeira providência do técnico José Clebson Lúcio foi realizar o diagnóstico produtivo. “Traçamos metas, fizemos planejamentos e o ‘seu’ Fernando começou a implantar o que havíamos combinado”, explica o técnico.
O produtor fala que o apoio da instituição foi um “divisor de águas” para a vida de sua família. “Depois que o Senar chegou aqui, a produção dobrou. Colhemos mais e em uma colheita cada vez melhor”, diz Fernando.
Clebson só tem elogios para o “produtor” pelo seu comprometimento com as metas e por seguir o que é planejado. As visitas do técnico ocorrem a cada 30 dias e o técnico observa que Fernando e Gustavo seguem o combinado e, com isso, os resultados aparecem.
“Nós também plantamos quiabo, batata-doce, milho. Eu estou tendo um resultado muito bom com o apoio do Senar”, diz o produtor rural. Clebson fala do orgulho que sente por “estar vendo o crescimento e o fortalecimento dessas pessoas que querem trabalhar e produzir na região”.
A sucessão familiar no trabalho da propriedade já um assunto certo para Gustavo. Além de ajudar no dia-a-dia, ele fica sempre atento aos ensinamentos do técnico de campo. “Não pretendo sair daqui. Não pretendo abandonar minhas raízes. Minha inspiração é o meu pai. Ele não se acomoda, trabalha todos os dias”.
Para incentivar o filho, Fernando divide a terra e passa uma parte da renda ao filho. “Ele até consegue tirar um dinheiro. Já comprou dois videogames, uma moto.”
Gustavo sabe que só com conhecimento e dedicação os resultados virão. E o técnico de campo se tornou inspiração para o rapaz, com quem sempre conversa. Clebson está concluindo um doutorado e incentiva o jovem produtor.
“A tecnologia aplicada ao agronegócio está despertando o interesse dos jovens e possibilitando a permanência deles no campo. O Gustavo tem muitas oportunidades pela frente” diz Clebson.
O sonho de Aline Fabiana Severo Silva foi dar ao filho a possibilidade de cursar uma universidade, oportunidade que ela não teve. “Agora temos condições. Tiramos tudo dessa terra. Não me imagino em outro lugar que não seja aqui com os meus filhos”.
Sonho, orgulho e inspiração são palavras que fazem parte do dia-a-dia da família do produtor Fernando que não esquece de agradecer o apoio do Senar na produção. “Posso estar perto da minha família, dar uma vida melhor para os meus filhos. Não saio mais daqui não”, diz o produtor rural.