O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal -, Edilson Maia, apresentou o esboço de uma máquina colheitadeira de palma forrageira, na última terça-feira, 12, no Recife, em reunião com lideranças e especialistas do setor produtivo. O encontro foi promovido pelo presidente da Comissão Nordeste da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA -, Pio Guerra.
Edilson Maia o projeto da máquina colheitadeira está em fase de desenvolvimento, sob coordenação de Edilson Maia. Ele foi analisado com a participação do diretor-secretário da CNA e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, juntamente com os especialistas do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Djalma Cordeiro e Sérvulo Siqueira.
A tecnologia que está sendo desenvolvida pela CNA e suas federações é uma velha aspiração dos pecuaristas da região. De acordo com Pio Guerra, Pernambuco tem uma reconhecida tradição no plantio da cultura. “O crescimento do cultivo de palma no Semiárido nordestino exige a modernização de um sistema de colheita mecanizado, que assegure maior economicidade ao uso desta forragem”, enfatizou.
Ainda nessa linha, Pio Guerra destacou que a Comissão Nordeste da CNA também vem trabalhando na identificação da melhor técnica e dos melhores produtos para o combate das ervas daninhas, pelo uso de herbicidas nas áreas plantadas.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas tem apoiado os produtores em questões que envolvem endividamento rural. Nesta segunda-feira, 11, o presidente da Faeal, Álvaro Almeida, e o vice, Edilson Maia, receberam alguns produtores preocupados com a situação. Um deles, do município de Mata Grande, apresentou uma notificação de vencimento de dívida para que efetue o pagamento imediato de todas as parcelas vencidas. De acordo com o documento, o não pagamento no prazo máximo de 90 dias, contados a partir do recebimento da notificação, resultará no encaminhamento do crédito à Procuradoria-Geral da Fazenda nacional, com possibilidade de inscrição em Dívida Ativa.
De acordo com o presidente da Faeal, Álvaro Almeida, as reuniões e discussões fortalecem os produtores. “A Lei 13.340 deixou de existir em 31 de dezembro, assim como resoluções com relação ao endividamento, então, a nova discussão se dá no sentido de que consigamos uma nova legislação – porque não se pode prorrogar aquilo que não existe – para que os produtores que não conseguiram liquidar o seus débitos, tenham essa possibilidade, pelo menos, no mesmo formato da lei anterior, que se não era a sétima maravilha do mundo, ajudava – e muito – àqueles que não tinham condições de resolver suas pendências”, argumenta Almeida.
Outros encontros A Faeal tem reunido os produtores constantemente e repassado informações atualizadas sobre questões como o endividamento rural. Na semana passada, por exemplo, o assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Fraga, repassou informações atualizadas sobre as medidas que vêm sendo tomadas em Brasília. O Banco do Brasil deve baixar uma instrução normativa para que os produtores possam parcelar seus débitos.
A Faeal também tem movimentado os produtores em torno a discussão sobre o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – Funrural. “O presidente Bolsonaro tem dito que o setor produtivo rural paga muito imposto e que ele acha o Funrural um absurdo. Mas entre o que o presidente diz em discurso e a legislação, por enquanto, precisamos obedecer o que existe. Então, o que está posto para que o produtor não seja penalizado é a necessidade de ver a forma correta de recolher o imposto. Temos consultado a Receita Federal, a CNA, para passar as informações atualizadas para os produtores. É fato que este recolhimento tem que ser feito, mas nós precisamos encontrar a melhor forma de fazê-lo”, avalia Álvaro Almeida.
Convênio tem o objetivo de capacitar mais de 5,5 mil produtores, trabalhadores do campo e familiares em diversas áreas
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – e o Sebrae AL firmaram convênio para a realização de 300 cursos de qualificação profissional e Alfabetização de Jovens e Adultos, voltados para a população do campo. A iniciativa tem o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária – Faeal. O projeto tem prazo de 36 meses e será executado nos 102 municípios do estado. A meta é capacitar 5.505 micro e pequenos produtores, trabalhadores rurais e familiares para aumentar a produtividade, a competitividade na economia moderna, melhorar a qualidade de vida e fortalecer a cidadania.
O convênio foi assinado na última terça-feira, 6, na sede do Sebrae em Maceió, pelo presidente da Faeal e do Conselho Administrativo do Senar AL, Álvaro Almeida, e o superintendente do Sebrae AL, Marcos Vieira. A solenidade também contou com a participação de outros gestores das duas instituições. De acordo com a parceria, o Senar Alagoas será responsável pela execução do projeto, o que inclui a contratação de instrutores, inscrição dos alunos, realização das capacitações – que envolvem aulas teóricas e práticas –, avaliação dos resultados e prestação de contas.
Para Álvaro Almeida, a iniciativa também ajuda a reduzir o êxodo rural. “Esperamos que as pessoas capacitadas possam produzir com mais qualidade, gerenciar sua propriedade de forma adequada, melhorar suas condições de vida. Isso evita que o homem do campo migre para cidade, onde geralmente encontra dificuldades muito maiores. Desta forma, contribuímos para o desenvolvimento socioeconômico do estado de Alagoas”, ressalta o presidente da Faeal e do Conselho Administrativo do Senar AL.
Já o Sebrae em Alagoas, além de repassar recursos financeiros, supervisionará, acompanhará e auxiliará no desenvolvimento dos trabalhos técnicos. “Esse convênio é importante para que não tenhamos mais analfabetos no campo, pois as pessoas precisam ter acesso ao conhecimento, ler prospectos, instruções para utilização de equipamentos, aprender o que é repassado pelos instrutores. Além disso, há a questão da capacitação técnica, que permitirá o acesso às novas tecnologias e aos processos mais modernos de produção, para que essa produção esteja mais qualificada, haja mais produtividade na zona rural”, analisa o superintendente do Sebrae AL, Marcos Vieira.
Os cursos
A previsão é de que os treinamentos sejam iniciados no próximo mês. As turmas e os locais das aulas serão definidos a partir de demandas identificadas pelo Senar AL juntamente com o Sebrae, sindicatos rurais, associações de produtores, prefeituras, entre outras instituições. O projeto ofertará 285 cursos com carga horária entre 8 e 36 horas/aula, além de 15 turmas de alfabetização, com 300 horas/aula.
Além da alfabetização, os treinamentos envolverão diversas áreas, como artesanato; apicultura; avicultura; bovinocultura do leite; ovinocultura; suinocultura; piscicultura; industrialização de doces; laticínios; processamento de mandioca; hortaliças e frutas; olericultura; controle de pragas e doenças; fruticultura; conservação do solo; mecanização agrícola; cultura da cana, mandioca e inhame; irrigação agrícola; informática básica; administração rural; curso de alfabetização de jovens e adultos; e cooperativismo.
O último convênio desta magnitude firmado entre o Senar e o Sebrae em Alagoas, no ano de 2015, contou com a participação de 5.135 produtores, trabalhadores rurais e familiares. O índice de aprovação foi superior a 85%.
Iniciativa da Prefeitura, em parceria com o Sindicato Rural do município, gera emprego, renda e garante alimentos mais saudáveis para a população
Álvaro Müller
Fim de tarde de uma quarta-feira e a Praça Santa Isabel, na cidade de Penedo, está lotada. Em bancas enfileiradas, 30 agricultores capacitados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – atendem a uma multidão, comercializam alimentos orgânicos, mais saudáveis e baratos. Promovida pela Prefeitura com o apoio do Sindicato Rural do município, a Feira da Agricultura Familiar é um sucesso.
“Antes a gente vendia na rua e o povo não dava valor, também porque não sabia o que era um produto orgânico. Agora estamos vendendo bem, graças a Deus”, comemora Sivaneide Santos, 48 anos, agricultora do povoado Ilha do Jegue. Ao lado do marido Antônio Carlos, 53, ela produz e vende macaxeira, jenipapo, pimenta, coco, mamão, jamelão, goiaba, acerola e hortaliças.
Para oferecer alimentos de melhor qualidade e garantir mais lucratividade nos negócios, o casal decidiu se capacitar. Fez o curso de Olericultura (Controle de Pragas e Doenças) e também participou do programa Negócio Certo Rural, este último, fruto de uma parceria do Senar com o Sebrae em Alagoas. “Os cursos são tudo de bom para o agricultor familiar. A gente aprende muita coisa, inclusive, a administrar nossa terra. Passa a ter o controle do que está entrando e saindo”, avalia Antônio.
Aos 21 anos, Paulo Henrique de Almeida, do povoado Murici, comercializa farinha, tapioca, pé-de-moleque, bolo de puba, entre outros derivados da mandioca. Ele já concluiu o Negócio Certo Rural e hoje é aluno do curso Técnico em Agronegócio do Senar Alagoas. As capacitações só têm trazido desenvolvimento para o jovem agricultor. “Hoje eu tenho noção dos gastos e do lucro. Já estou colocando meu plano de negócios em prática e a minha renda aumentou entre 30% e 40%. E com essa feira, então, ficou ainda melhor. Esta é a quinta edição, eu participei de todas e nunca voltei com mercadoria para casa”, observa.
A feira de produtos orgânicos é organizada pela Secretaria de Agricultura de Penedo, que disponibiliza toda a estrutura e o transporte para os agricultores familiares. A iniciativa desenvolvida com o apoio do Sindicato Rural promove a melhoria da qualidade de vida da população do campo e movimenta a economia da cidade. “Cada agricultor desse tem aproximadamente três famílias trabalhando para ele. Estamos gerando emprego e renda para todo mundo e promovendo o desenvolvimento do município”, afirma o secretário municipal de Agricultura de Penedo, Messias da Filó.
A parceria entre a Prefeitura e o Sindicato Rural viabilizou a realização de 15 cursos do Senar Alagoas para os agricultores de Penedo, somente no ano passado. “Estamos conseguindo o nosso objetivo, que é capacitar o produtor para que ele prospere e tenha a sua cidadania garantida, além de contribuir para que a população consuma um alimento mais saudável, pois nós ensinamos o controle de pragas de maneira orgânica e não com produtos químicos. Espero que esta iniciativa sirva de incentivo para outras cidades e regiões do estado”, diz Murilo Rezende, presidente do Sindicato Rural do município.
Técnica em alimentação escolar, Rosane Tavares vê o projeto com otimismo. “Era um desejo meu que acontecesse há muito tempo essa feira de produtos orgânicos em Penedo. Isso ajuda o agricultor e a gente consegue ter acesso a produtos colhidos no tempo certo, sem incentivo de crescimento”, comenta.
Certificados Nessa última quarta, 6, os produtores rurais do povoado Ilha do Jegue, que participam da Feira da Agricultura Familiar de Penedo, receberam o certificado de conclusão do programa Negócio Certo Rural. A iniciativa do Senar em parceria com o Sebrae tem o objetivo de ensinar aos agricultores conceitos de empreendedorismo, planejamento e administração, para que eles eles possam desenvolver um plano e gerenciar melhor os negócios. O Sindicato Rural foi o responsável pela mobilização da comunidade.
“Por se tratar de um curso gratuito, de curta duração e voltado ao planejamento e administração de pequenos negócios, o programa fortalece o empreendedorismo e melhora o desempenho das atividades no campo, com impacto positivo na geração de renda e novos negócios”, ressalta o coordenador do Negócio Certo Rural em Alagoas, Sidney Santana Rocha.
O prefeito Flavinho, de Pão de Açúcar, esteve no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas –, na última segunda-feira, 4, para conhecer os programas e cursos oferecidos pela instituição. O objetivo é firmar parcerias para a realização de ações de qualificação profissional e promoção social no município.
Acompanhado da primeira-dama, Luciana Mariano, Flavinho se reuniu com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal – e do Conselho Administrativo do Senar AL, Álvaro Almeida, e com a coordenadora dos cursos do Senar no estado, Graziela Freitas. O prefeito de Pão de Açúcar foi orientado a procurar o Sindicato Rural dos municípios, para viabilizar as capacitações e outras iniciativas.
O Senar AL realiza mais de 80 cursos gratuitos para a população rural. Eles são divididos em três grandes áreas – formação profissional, promoção social e assistência técnica e gerencial. Além disso, mantém programas especiais que que contribuem para a profissionalização da agropecuária, geração de emprego e renda, inserção social, promoção da saúde e da qualidade de vida dos produtores, trabalhadores rurais e seus familiares.
Pioneiro no Brasil, o Mais Pasto inclui consultorias coletivas e acompanhamento individualizado com visitas às propriedades
Álvaro Müller
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – oferece um modelo inédito no país de assistência técnica para pecuaristas. Realizado em parceria com o Sebrae, por meio do Sebraetec, o Mais Pasto tem o objetivo de auxiliar os produtores na busca por alternativas que permitam o aumento da produtividade, tanto na pecuária de corte como leiteira. Ao todo, cerca de 160 pecuaristas já foram capacitados em sete turmas do programa, único no Brasil a mesclar capacitações coletivas e atendimentos individuais nas propriedades.
O Mais Pasto capacita pequenos e médios pecuaristas para a utilização racional da pastagem e a gestão da propriedade rural. A intenção é que o produtor aproveite ao máximo o potencial dos pastos e melhore os resultados econômicos para ele, seus familiares e funcionários. A partir do diagnóstico da situação de cada propriedade, um plano de melhorias, ações e investimentos é elaborado. Além da consultoria coletiva, com encontros periódicos, o programa garante acompanhamento técnico, com visitas mensais de instrutores do Senar Alagoas às propriedades.
“Levamos para esses pecuaristas técnicas de produção que auxiliam na intensificação da atividade, abordando assuntos sempre relacionados aos animais, à questão agronômica vinculada à produção de pasto, além das técnicas de gestão da propriedade. Isso permite ao produtor calcular custos de produção, fazer planejamento de longo prazo, admitir e administrar pessoas de maneira mais eficiente. Fazemos com que ele se sinta firme e apoiado para aplicar as técnicas que são discutidas em sala de aula“, explica o engenheiro agrônomo e coordenador do Mais Pasto, André Sório.
A capacitação gerencial é feita com base nos três orçamentos da pecuária: alimentar, financeiro e de serviços e mão de obra. As tecnologias aplicadas não demandam investimento elevado e ao mesmo tempo tornam a produção mais efetiva, a exemplo da divisão e rotação de pastagens para aumentar a produção de pasto e a carga animal da propriedade; proteção dos mananciais, que melhora o abastecimento de água para o rebanho; plantio de pasto com utilização de calcário ou gesso incorporados, para aumentar a área de solo explorada pelas raízes; e utilização de inseminação artificial para introdução de genética superior.
Os resultados são evidentes. A Fazenda Árvore Comprida, no município de Campo Alegre, começou a ser acompanhada pelo programa Mais Pasto em fevereiro do ano passado. Desde então, o índice de unidade animal por hectare saltou de 0,8 para 2,07 UA/ha. Para se ter ideia do que este número representa, no ano de 2017, a média na região Centro-Oeste, referência nacional em pecuária, era de 1,11 UA/ha.
“Nós implantamos o sistema Voisin de pastoreio. A propriedade foi setorizada para a pecuária de cria, fizemos setores para vacas, maternidade, para novilhas, onde será feita a recria. Essas subdivisões permitem melhorar o manejo da pastagem, aproveitar as áreas que até então não eram devidamente aproveitadas e também dão um tempo ideal de descanso para o pasto. Assim, conseguimos aumentar a quantidade de animais por hectare”, explica o consultor do Programa Mais Pasto, Alfredo Tavares Seixas Neto.
O pecuarista Thiago Maia, proprietário da Fazenda Árvore Comprida, comemora os resultados. “O modo de criação que tínhamos aqui era o mesmo que o meu avô aprendeu com o pai dele e vinha sendo utilizado há 90 anos, com piquetes enormes e pastoreio extensivo. Com as mudanças que implementamos, a evolução dos últimos meses foi muito maior do que décadas de criação. Todo o gado que criávamos em 100% da propriedade, hoje conseguimos criar em 40%. Com as técnicas modernas, o gado fica restrito a uma pequena área, não precisa caminhar grandes distâncias para beber água, os pastos respondem melhor. O índice de retorno é altíssimo”, avalia.
Para o superintendente do Senar Alagoas, Fernando Dória, o Mais Pasto é uma estratégia importante para alavancar a pecuária em Alagoas. “Os diferenciais são muito grandes, o programa é voltado para a pecuária de corte e leite, trabalha o campo, manejo, solo, água, nascente, proteção, gestão, permite a capacitação de produtores e funcionários. É uma iniciativa única no Brasil, que veio para mudar a vida do pecuarista”, comenta.
Na cozinha acalorada de uma casa humilde, isolada no povoado Curral Novo, zona rural do município de Major Isidoro, Sertão alagoano, Vaneide Fausto, 46 anos, a mãe, Maria, 70, e o marido, Félix, 52, mexem com colher de pau e disciplina as panelas ferventes de onde sairão novas remessas de cocada de leite, ambrosia e um delicioso achocolatado.
A produção de doces começou há três meses, depois que os agricultores participaram do curso de Laticínios promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a Prefeitura de Major Isidoro. A capacitação trouxe novas perspectivas. O leite que Félix retira de 14 vacas criadas na propriedade – e até então só abastecia uma fábrica de queijos do município –, também passou a ser matéria-prima para outra fonte de renda. Vendidas em feiras livres, eventos públicos ou sob encomenda, as guloseimas do Curral Novo começam a incrementar o orçamento da família.
“Como nós já temos a matéria-prima, fica mais fácil. Para cada fornada de cocada, a gente gasta R$ 10,50 e lucra R$ 36”, calcula Félix. “Na Feira de Cultura de Major, em setembro, nós arrecadamos R$ 130 porque a produção era pouca, mas o que foi feito, foi vendido. Já levaram nossos doces para São Paulo, Mato Grosso, Aracaju, o povo gostou e está pedindo mais. Eu quero que vá muito mais longe, espero fazer dez milhões de cocadas”, vislumbra Vaneide, orgulhosa.
O curso do Senar Alagoas trouxe para os agricultores uma preocupação com a profissionalização que ajuda o negócio a prosperar. Os doces já são vendidos devidamente embalados e etiquetados com a marca do empreendimento, código de barras e prazo de validade. O dinheiro arrecadado com as vendas tem sido reinvestido na produção. “Já deu para comprar umas panelas que eu estava precisando e uns adesivos para produzir as embalagens. Ainda faltam algumas coisas, mas a gente vai comprando aos poucos”, diz Vaneide.
A capacitação O curso de Laticínios do Senar Alagoas capacita os agricultores para o desenvolvimento de produtos alimentícios oriundos do leite, como queijos, manteiga, iogurte, doces e outros derivados. A carga horária é de 32 horas/aula, período em que os alunos aprendem sobre higiene pessoal, ambiente, equipamentos e utensílios; educação ambiental; conservação e tratamento do leite; pasteurização; principais etapas de fabricação; tipos de coagulação; medidas equivalentes; e noções básicas de comercialização.
Para a mobilizadora do Senar Alagoas em Major Isidoro, Jeane Vilarins, o curso ajuda a levantar a autoestima da comunidade e a identificar o município enquanto polo produtor de doces de qualidade. “Antes nós não tínhamos a oportunidade de oferecer um doce padronizado. Um era mais claro, outro mais escuro, com sabores diferentes, alguns com gosto de queimado. Hoje todos têm o mesmo sabor, um padrão”, observa.
Para Vaneide Fausto, que não perde uma capacitação do Senar Alagoas, o mais importante é aprender. “O ambrosia eu nunca tinha ouvido nem falar e agora sei fazer. Também fiquei muito feliz porque a minha mãe participou com a gente do curso de doces e recebeu o primeiro certificado na vida dela, depois dos 70 anos”, ressalta.
Diante das novas perspectivas, a família do Curral Novo agora pensa em erguer uma estrutura na propriedade para ampliar e diversificar a produção. “Esse é o projeto de 2019, construir o nosso salão, um local adequado, onde a gente possa trabalhar o dia todo, com tudo padronizado. Queremos conseguir o Selo de Inspeção Municipal (SIM) para dar início à nossa fábrica, produzir o nosso queijo e o doce com o nosso próprio leite”, projeta Félix Fausto.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar – está com inscrições abertas para o processo seletivo do curso Técnico em Agronegócio, na modalidade semipresencial, com a oferta de 2.410 vagas em 70 polos de apoio presencial distribuídos em 21 estados e no Distrito Federal. Em Alagoas, 50 vagas foram divididas entre os polos de Junqueiro e Olho D’Água das Flores.
No ato da inscrição, o candidato deverá anexar o histórico escolar e indicar o polo de ensino para participar das aulas presenciais.
O curso Técnico em Agronegócio tem carga horária de 1.230 horas e está dividido da seguinte forma: 80% é feito a distância e 20% com aulas presenciais, no polo indicado pelo candidato aprovado.
Ao longo do curso, o participante estudará técnicas de gestão, de comercialização e aprenderá como atuar na execução de procedimentos para planejar e auxiliar na organização e controle das atividades de gestão do negócio rural.
Antes de efetivar a inscrição, os candidatos devem ler o edital atentamente, pois o sistema aceita somente uma inscrição por CPF e não permite edição após o envio dos dados. As inscrições vão até o dia 14 de fevereiro pelo site senar.org.br/etec
Para mais informações entre em contato via 0800 642 0999.
SERVIÇO
O que: Processo seletivo curso Técnico em Agronegócio
Programa busca formar novas lideranças para o meio rural e impulsionar o setor agropecuário
Três alagoanos representarão o estado na etapa nacional do programa CNA Jovem, iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA – e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar – que prepara novos líderes para o campo. Voltado para brasileiros do meio rural, com espírito de liderança e idade entre 22 e 30 anos, o programa tem o objetivo de impulsionar ainda mais o setor agropecuário.
As engenheiras agrônomas Ellen Rebeca Lopes de Oliveira, 29 anos, de Maceió, e Gilberlândia Ferro, 26, de Arapiraca, e o zootecnista Davi Francisco da Silva, 23, também da capital, foram selecionados entre os 11 jovens alagoanos que participaram da etapa estadual do programa, iniciada em 13 de outubro do ano passado. Todos os participantes foram indicados por secretarias municipais de Agricultura e sindicatos rurais, por apresentarem perfil empreendedor e de liderança.
Conduzida pelo Senar Alagoas, a etapa estadual aconteceu em três fases. Os alunos do CNA Jovem fizeram um curso a distância sobre liderança, depois participaram de três encontros presenciais e atividades remotas para o desenvolvimento de projetos que tragam soluções para problemas ou gerem oportunidades no campo. Ao término dos encontros, eles entregaram um plano de ação. Os três melhores trabalhos passaram para etapa nacional, em Brasília.
“Os projetos estão muito bons, porém, ainda passarão por alguns ajustes, pois precisam ser de liderança e relevância, ambiciosos, para que façam a diferença no agronegócio local, nacional e até mesmo internacional”, afirma Luana Torres, coordenadora do CNA Jovem em Alagoas.
Os projetos
Ellen de Oliveira desenvolveu um projeto de confecção de uma armadilha com PVC para o controle e monitoramento de pragas como Helicoverpa e Spodoptera. A fabricação da armadilha e a implantação de um sistema de microcâmeras têm o objetivo de reduzir custos e impactos ambientais, trazer mais comodidade e preservar a saúde do produtor. “Precisamos quebrar esse paradigma de que só é possível controlar pragas utilizando agrotóxicos a qualquer hora. É preciso monitorar e saber o momento exato de utilizar um produto químico”, argumenta a jovem.
Já Davi Francisco busca incorporar subprodutos da agroindústria local na fabricação de ração, com o intuito de reduzir os custos com alimentação animal e o impacto ambiental dos resíduos que retornam para a natureza. “Custos com produção de ração representam cerca de 70% das despesas. Se conseguirmos reduzir para 40%, o produtor terá um lucro maior, melhorará de vida e investirá mais na sua propriedade”, diz o zootecnista.
Mestranda em Agricultura e Ambiente, Gilberlândia Ferro trabalha num projeto de introdução de sorgo sacarino manejado com a introdução de bactérias endofíticas – que habitam o interior de plantas – para a produção de etanol. A intenção é fazer com que o produtor reduza a quantidade de adubo utilizado durante o manejo da cultura e complemente a safra da cana de açúcar, utilizando o sorgo sacarino.
“Muitos produtores podem reaproveitar o sorgo sacarino no período de entressafra da cana, para complementar a produção de etanol, visto que os caldos do sorgo e da cana são semelhantes. Utilizando o sorgo sacarino, o produtor complementará a produção de etanol em menos tempo, pois o ciclo da cultura é menor”, explica Gilberlândia.
Etapa nacional
Os três alagoanos agora seguem para a etapa nacional, com quatro encontros em Brasília, no período de 22 de março a 7 de julho. A metodologia desta etapa baseia-se num modelo inovador de liderança empreendedora. O jovem é estimulado a construir e planejar sua trajetória de liderança em uma das cinco dimensões: sindical, institucional, política, empreendedora ou acadêmica.
A escolha dos vencedores da etapa nacional é feita pelos próprios participantes, o que legitima o papel e o projeto de liderança dos escolhidos junto a seus pares. Além disso, todos passam a integrar a Rede CNA Jovem, que desenvolve campanhas, missões nacionais e internacionais, promove diversas oportunidades de crescimento pessoal e profissional.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – capacitou 685 jovens desde 2012, quando iniciou as atividades do Programa Jovem Agricultor Aprendiz – JAA. Realizado em parceria com indústrias do estado, o programa oferece cursos de Administração Rural, Avicultura Básica, Eletricista Rural e Mecanização Agrícola. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento dos jovens no meio rural e incentivar o trabalho no campo.
A solenidade de formatura mais recente do JAA aconteceu na última sexta-feira, 18, na Escola Conceição Lyra, localizada na Usina Caeté, município de São Miguel dos Campos. 20 alunos concluíram o curso de Eletricista Rural, a maioria filhos de funcionários da empresa.
“Estamos contribuindo para o crescimento desses jovens enquanto pessoas e profissionais. Os resultados têm sido satisfatórios e, desde 2010, quando aderimos ao programa, mais de 50 jovens aprendizes já foram efetivados como colaboradores da usina. É um trabalho extremamente gratificante”, afirma Marta Santos, gerente de Gestão de Pessoas da Caeté.
O Programa Jovem Agricultor Aprendiz auxilia as organizações no cumprimento da Lei 10.097, de 2000, que obriga toda empresa de médio ou grande porte a compor de 5% a 15% do seu quadro de colaboradores com jovens de 14 a 24 anos, na condição de aprendizes. Os cursos do JAA têm carga horária total entre 800 e 960 horas. As empresas selecionam os alunos, por meio de provas de português, matemática, redação e entrevista.
“O Senar se responsabiliza por toda a parte teórica do curso, que envolve comunicação oral, relações interpessoais, cidadania, matemática, informática, além dos conteúdos específicos da profissão escolhida”, explica a coordenadora de cursos do Senar Alagoas, Graziela Mendes Freitas.
Aos 19 anos, Matheus Marcelino comemora não só a oportunidade de aprendizagem, como os laços afetivos criados durante o curso. “Estar aqui é muito mais do que sempre sonhamos. Desde o momento em que participamos do processo seletivo, tínhamos esperança de que iriamos conseguir, mas jamais passou por nossa cabeça que seríamos tão bem acolhidos. Agradecemos pela paciência, por estarem ao nosso lado e nos ensinarem com tanto carinho. Muito obrigado por confiarem na gente. O nosso primeiro visto na carteira de trabalho veio graças à Usina Caeté e ao Senar. Levaremos daqui todos os ensinamentos e a amizade de vocês”, comenta.
Kíssia Rafaele, 26 anos, sabe bem a importância de ser um jovem aprendiz. Ela deu esse primeiro passo aos 17 e acabou contratada pela Usina Caeté, onde está há pouco mais de seis anos. Kíssia iniciou as atividades na empresa como auxiliar eletricista e agora é eletricista industrial. Estudiosa, concluiu a graduação em Engenharia Elétrica em meados ano passado, o que certamente abre novas perspectivas. “O Programa de Jovem Aprendiz foi a oportunidade que encontrei para ingressar no mercado de trabalho. Naquele momento eu nem sabia em que área queria atuar, só queria mesmo trabalhar. E foi a melhor oportunidade que tive, tanto que estou aqui até hoje”, diz.