Associativismo melhora a vida de mulheres em Água Branca

O dia 5 de outubro de 2017 é um marco na vida de 48 mulheres do município de Água Branca, sertão alagoano, a 308 quilômetros da capital Maceió. Foi nesta data que elas criaram a Associação Comunidade em Ação – Arca – com o objetivo de incrementar a produção agrícola. A ideia nasceu durante o curso de Associativismo oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – em parceria com o Sebrae.

“Decidimos criar a associação após percebermos a necessidade de valorizar a nossa produção, nossa cultura local, e a importância de os moradores da comunidade trabalharem juntos em prol do bem comum”, afirma Patrícia dos Santos Pereira Henrique, 29, vice-presidente da Arca.

As associadas também foram alunas do Senar Alagoas e do Sebrae no curso de Processamento da Mandioca. Produzem farinha, tapioca e bolos típicos da região. A criação da Arca incrementou a renda das famílias. “Nossa produção aumentou em 50%, os produtos são comercializados na feira local e também em municípios vizinhos”, explica Patrícia.

A Arca ainda funciona em local provisório, mas é nos encontros que as associadas fortalecem o sentido de comunidade, a harmonia e cooperação, e traçam estratégias e ações que ajudem a difundir a agricultura local, por meio do fornecimento de produtos. “Incentivamos a participação em palestras e outros eventos. Cada associada que se capacita, replica o que aprendeu para as demais”, diz a vice-presidente da associação.

Um olhar sobre o futuro da agropecuária alagoana

Assessor técnico da Faeal, Noel Loureiro fala sobre perspectivas para o setor em 2020

Poucos são os profissionais com conhecimento técnico e experiência suficientes para fazer um prognóstico da agropecuária alagoana. Noel Loureiro é um desses estudiosos que dedicam a vida a analisar as mudanças no setor. Não é à toa que o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal – tem sido presença marcante em eventos como o Congresso Cidades e Gestores, promovido pela Associação dos Municípios Alagoanos – AMA – e, mais recentemente, o Workshop Potencial de Desenvolvimento em Alagoas: Energia, Infraestrutura e Negócios, realizado na Ufal. Em entrevista ao Senar, Noel fala sobre as perspectivas para 2020, destaca a atividade canavieira, a pecuária de corte e a silvicultura. Confira:

Em linhas gerais, quais as perspectivas para a agropecuária alagoana em 2020?Noel Loureiro – A perspectiva é de consolidação da atividade canavieira no nível de produção atual, que representa 60% do que as nossas usinas já produziram. Além disso, haverá o incremento de outras atividades que estão se consolidando, a exemplo da pecuária de corte e a silvicultura baseada no eucalipto.

O que influenciou para que a atividade canavieira tivesse essa retomada após uma crive grave?
NL – Essa retomada tem como fulcro o clima, não está relacionada a grandes investimentos no setor. Nós tínhamos 37 usinas em 1990, hoje temos umas 13, mas, apesar da crise, a queda da produção não foi proporcional a esta redução de empresas. No auge, as usinas alagoanas chegaram a produzir 30 milhões de toneladas de cana, depois essa capacidade caiu para 13 milhões e agora está na faixa de 16 milhões de toneladas, pouco mais da metade. Em 2020, tudo indica que ficaremos nessa faixa, entre 16 e 18 milhões de toneladas.

Qual é a importância dessa recuperação do setor canavieiro?
NL – É a capacidade que o setor tem de gerar empregos, sobretudo, os formais. Há uns três ou quatro anos, Alagoas era o terceiro estado brasileiro com o menor grau de informalidade no campo por conta das usinas de açúcar. A atividade canavieira é muito fácil de ser fiscalizada pelo Ministério do Trabalho, porque você tem duas, três mil pessoas trabalhando concentradas em local de fácil acesso. Portanto, as usinas têm muita formalidade. No melhor momento econômico para o setor, nosso estado chegou a registrar entre 45% e 46% de informalidade no campo. No Nordeste, quem chegava perto era Pernambuco, que tinha pouco mais de 65%. No Maranhão, 90% das pessoas trabalhavam informalmente no setor agrícola. Isso é um problema muito sério por conta da previdência. De qualquer forma, quem trabalha na informalidade um dia vai para a previdência e a conta será paga pelos trabalhadores formais.

E com relação à pecuária, qual é a perspectiva em Alagoas?
NL – Tradicionalmente, o empresário, sobretudo o pequeno, fornecedor de cana, sempre teve a pecuária como uma poupança. Agora, ainda sob o efeito da crise no setor canavieiro, ele está sendo incentivado a transformar a pecuária numa atividade-fim, mas, se quiser ficar neste setor, terá que se modernizar. Neste contexto, o papel da Faeal e do Senar Alagoas tem sido muito importante, com a oferta de cursos e programas como o Mais Pasto, que ensinam técnicas modernas para aumentar o rendimento da atividade. Estima-se que em Alagoas a gente tenha um rendimento médio de 4 arrobas por hectare/ano. Isso significa, mesmo com os preços atuais, pouco mais de R$ 800,00 por hectare de faturamento. Só para efeito comparativo, a cana-de-açúcar chegou a render R$ 6 mil por hectare de faturamento, muito acima. Portanto, quem quiser permanecer no setor da pecuária de corte precisará ter muita produtividade e, para isso, tem que se capacitar. Nicho de mercado há. Alagoas é um estado periférico, nós somos importadores de carne, então, há um espaço grande para a produção local. Para isso, precisamos de grandes frigoríficos para fazer abate programado, até mesmo para a exportação de carne. Já somos zona livre da aftosa, um trabalho liderado pela Faeal, daqui há um ou dois anos não teremos nem mais vacinação. Isso é um diferencial muito grande.

E a pecuária de leite?
NL – É um nicho que continua estável. Seu crescimento depende muito de políticas públicas específicas, a exemplo do Programa do Leite, mas atualmente nós temos uma produção mais alta do que em anos anteriores, em números absolutos. Do ponto de vista proporcional, é uma atividade que se mantém, pois nós já temos expertise. A chegada da Natville, prestes a ser inaugurada em União dos Palmares é importante, contribuirá para o fortalecimento da produção de leite, mas, naturalmente, a Zona da Mata exige soluções diferentes do Sertão. Às vezes você tem o problema do carrapato, doenças que são comuns, mas hoje em dia há raças mestiças, como o Girolando, que resistem bem. Além disso, a pecuária de leite segue sendo a alternativa viável para quem tem pequenas propriedades, já que a pecuária de corte demanda grandes áreas. Se tivéssemos em Alagoas um matadouro frigorífico com escala de abate, poderíamos fazer confinamento. Mas nós não temos e o gado confinado tem hora para entrar e para sair do pasto, senão o produtor fica no prejuízo.

Que outra atividade deve se fortalecer em Alagoas?
NL – A silvicultura, principalmente com o eucalipto, que está se desenvolvendo bastante e com algumas interfaces. Por exemplo, você pode plantar eucalipto só para ter floresta, mas também para fazer a integração floresta-lavoura-pecuária, o que abre um leque fora do comum. O mundo caminha para um cuidado muito forte com o bem-estar humano e animal. Se você integra, trabalha com áreas sombreadas. Para quem trabalha no sol de meio dia, em um clima como o nosso, isso significa três ou quatro graus a menos na temperatura. Além disso, é melhor para o animal, que se estressa menos e se alimenta mais, e reduz a difusão de doenças porque, em geral, quando não se tem uma floresta desse tipo, os animais tendem a se amontoar embaixo de poucas sombras e isso aumenta o risco de contaminação por esterco, entre outros meios. Então, a integração floresta-lavoura-pecuária, com o eucalipto, já apresenta bons resultados em Alagoas e tende a se consolidar.

Ministério da Economia autoriza equalização de taxa de juros para renegociações previstas pela Resolução 4.755/2019 do Conselho Monetário Nacional

Mais uma conquista da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA. Na última segunda, 10, foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria 48, de 06/02/2020, do Ministério da Economia, que autoriza o pagamento de equalização de taxas de juros para o Banco do Brasil e para o BNDES, na linha de crédito para composição de dívidas decorrentes de operações de crédito rural contratadas por produtores rurais ou suas cooperativas de produção, previstas pela Resolução 4.755/2019 do Conselho Monetário Nacional (CMN).

A Resolução 4.755/2019-CMN autorizou a composição de dívidas decorrentes de operações de crédito rural de custeio e de investimento, contratadas por produtores rurais ou suas cooperativas de produção, até 28 de dezembro de 2017, inclusive dívidas que já haviam sido prorrogadas pelo CMN. O objetivo é que os produtores rurais ou suas cooperativas de produção possam acessar novo crédito com as instituições financeiras para liquidação integral de dívidas. O limite de crédito por beneficiário (produtor ou cooperativa de produção) é de R$ 3 milhões, com taxa de juros de 8% ao ano, e prazo para reembolso de até 12 anos, incluídos até 3 anos de carência.

Os produtores devem comprovar incapacidade de pagamento em consequência de dificuldade de comercialização dos produtos, frustração de safras por fatores adversos e eventuais ocorrências prejudiciais ao desenvolvimento das explorações. Além disso, devem demonstrar a viabilidade econômica das atividades desenvolvidas na propriedade e capacidade de pagamento da operação de composição.

A portaria 48 do Ministério da Economia[1] possibilita que, na prática, a composição de dívidas seja formalizada pelos produtores. Como o prazo para formalização é exíguo (30/04/2020), os produtores que tiverem dificuldades podem procurar a CNA por meio do Fale Conosco: https://www.cnabrasil.org.br/fale-conosco/

Mais informações sobre as condições para essas renegociações podem ser obtidas na Nota Técnica 46/2019-CNA: https://www.cnabrasil.org.br/artigos-tecnicos/produtor-tem-ate-30-de-abril-de-2020-para-aderir-a-composicao-de-dividas-rurais-autorizada-pelo-ministerio-da-economia-banco-central-resolucao-4-755-2019

[1] http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-48-de-6-de-fevereiro-de-2020-242418855

Alagoano conquista prêmio MasterCana Norte/Nordeste de tecnologia e inovação

Edilson Maia criou uma plantadeira que cana capaz de reduzir em até 60% os custos do plantio

Edilson Maia recebe prêmio das mãos do presidente do grupo ProCana Brasil, Josias Messias

O engenheiro agrônomo, produtor de cana-de-açúcar e vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal –, Edilson Maia, é o ganhador do Prêmio MasterCana Norte/Nordeste 2019/20 na categoria Tecnologia e Inovação. A solenidade de premiação aconteceu na noite desta quinta-feira, 6, no Spettus Steak House Boa Viagem, em Recife-PE.

Maia é o criador da plantadeira PBDG (Plantio com Baixa Densidade de Gema), tecnologia que reduz os custos da produção, aumenta a qualidade da cana-de-açúcar e, consequentemente, a produtividade. “Se num plantio convencional, mecanizado ou semimecanizado, se gasta entre 18 e 22 toneladas de sementes por hectare, com a máquina PBDG, essa quantidade cai para 3,5 a 4,5 toneladas”, compara.

Utilizada por grandes grupos de estados como Alagoas, Paraíba, Sergipe e São Paulo, a plantadeira já despertou o interesse de produtores de outros países, a exemplo de Guatemala e Colômbia. A máquina pode reduzir em até 60% o custo de plantação da lavoura. “Hoje se gasta em torno de R$ 6 mil a R$ 9 mil para plantar um hectare de cana. Com a PBDG, o gasto passa a variar entre R$ 3.400 e R$ 4 mil. Desta forma, o produtor pode ter o retorno do capital investido já no primeiro ano”, explica Maia.

Outro benefício importante é o tempo de plantio. “O que durava em média uma semana no sistema convencional, acontece de forma instantânea com a PBDG, pois a plantadeira executa cinco operações simultaneamente: sulca, aduba, semeia, faz a compactação e cobre. Isso também traz um ganho na parte hídrica, já que ela abre e fecha o solo em fração de segundos e evita perda de umidade. É como se ganhasse uma lâmina d’água no plantio”, observa Edilson.

Plantadeira PBDG realiza cinco funções simultaneamente

O prêmio
A solenidade de entrega do MasterCana Norte/Nordeste reuniu autoridades, presidentes e representantes de instituições do setor, entre outros convidados. Em sua 13ª edição, o tradicional prêmio promovido pelo grupo ProCana Brasil homenageia organizações e personalidades que se destacam no aprimoramento humano, tecnológico e socioeconômico do agronegócio sucroenergético brasileiro.

“A minha contribuição para o setor é muito singela, mas o princípio agronômico dela é muito importante para a atividade canavieira, pois tudo começa no plantio. Se nós não tivermos atenção agronômica no plantio, não teremos sucesso na nossa atividade, com qualidade, redução de custos e sustentabilidade”, comenta Edilson Maia.

De acordo com o presidente do grupo AgroCana Brasil, Josias Messias, o prêmio reconhece histórias de quem está reconstruindo o setor sucroenergético. “Nós percebemos uma transição do conservadorismo para a modernidade e a mudança só vem com uma forte determinação, pois, somente quem está disposto a fazer o que deve ser feito chegará ao futuro”, diz.

“É preciso compreender como a tecnologia muda a forma de gestão da atividade, com a aplicação de tecnologias já consolidadas, mas também entendendo que a inteligência artificial será fundamental para qualquer usina que queira entrar na próxima década de forma competitiva”, destaca Josias.

Outros alagoanos
Além de Edilson Maia, foram homenageados no MasterCana Norte/Nordeste o deputado federal Isnaldo Bulhões Barros Junior, na categoria liderança política; o CEO da Usina Coruripe, Mario Luiz Lorencatto (executivo do ano); a Cooperativa Pindorama (diversificação de negócios); a Usina Serra Grande (programa de qualidade e produtividade); e a Usina Caeté (bioeletricidade).

Solenidade de premiação do MasterCana em Recife

Senar credencia pessoas jurídicas para ações de FPR e PS

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – abriu inscrições para o credenciamento de pessoas jurídicas no cadastro de prestadores de serviço de instrutoria em ações de Formação Profissional Rural e Promoção Social. Clique aqui para acessar o edital.

Os prestadores de serviços que, ao final do processo de cadastramento, demonstrarem capacidade técnica e habilitação jurídica integrarão o banco de cadastros e poderão ser contratadas quando houver demanda, em regime de não exclusividade. Não existe número mínimo ou máximo de cadastrados.

Todos os critérios e o passo a passo do processo de credenciamento estão disponíveis no edital. Em caso de dúvidas e solicitação de informações adicionais, o candidato pode entrar em contato com o Senar Alagoas pelo e-mail credenciamento@senar-al.org.br.

Mais Pasto realiza Dia de Campo em Santana do Mundaú

Dia de Campo em Santana do Mundaú

A oitava turma do Mais Pasto iniciou as atividades na última semana. Além do encontro bimestral de capacitação, espécie de aula aberta ao público em geral, os pecuaristas puderam participar de um Dia de Campo na Fazenda Gabriela, município de Santana do Mundaú.

Durante o Dia de Campo, os produtores puderam ver de perto os bons resultados na propriedade gerados a partir de ações como a construção de cerca elétrica eficiente; pré-pastejo e pós-pastejo com alta carga; área social com aproveitamento de aguadas naturais; e implantação de sombreamento para o gado.

Carioca radicado na Paraíba, o pecuarista Bernard Lins é o proprietário da Fazenda Gabriela. Ele conheceu o Mais Pasto em 2017, durante um congresso sobre pastoreio voisin em Maceió, e entrou no programa em fevereiro de 2019. Hoje, os ganhos são evidentes.

“Tivemos uma grande mudança de postura de aceitação de novas ideias entre os funcionários, a implementação da cerca elétrica reduziu o esforço da equipe, a forma de manejo muito eficiente fez com que o gado ficasse mais tranquilo, mais manso. Além disso, tive um ganho direto de 80% a mais de produtividade. Antes eu fazia o manejo com 120 animais, no mesmo espaço de terra onde hoje rodam 200. Acredito que, no inverno, terei um ganho de 100%”, comenta o produtor.

O programa
Criado pelo Senar Alagoas em parceria com o Sebrae, o Mais Pasto é um programa de consultorias que capacita pequenos e médios pecuaristas para a utilização racional da pastagem e a gestão da propriedade rural. O objetivo é garantir o máximo aproveitamento do potencial dos pastos e melhorar os resultados econômicos para o produtor, seus familiares e funcionários.

A partir do diagnóstico da situação de cada propriedade, um plano de melhorias, ações e investimentos é elaborado. Além da consultoria coletiva, com encontros periódicos, o programa garante acompanhamento técnico, com visitas mensais de instrutores do Senar Alagoas às propriedades. Os bons resultados do Mais Pasto chamaram a atenção de produtores de outros países, como Argentina, Colômbia e México.

Senar orienta fornecedores do PAA sobre legislação previdenciária

Orientações foram repassadas a convite da Conab

Presidentes e representantes de organizações alagoanas fornecedoras do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar – PAA –, modalidade doação simultânea, receberam orientações sobre legislação previdenciária rural na última sexta-feira, 31 de janeiro, em reunião organizada pela Companhia Nacional de Abastecimento – Cohab. As orientações foram repassadas pela analista de Arrecadação do Senar Alagoas, Carla Christine.

A ação faz parte do Programa Cidadania Rural, iniciativa do Senar para orientar e informar homens e mulheres do campo sobre direitos e deveres, com foco na legislação previdenciária e tributária.

“Quando as pessoas jurídicas compram produtos de pessoas físicas, são obrigadas a fazer uma retenção de 1,5% para o INSS. A partir daí, esse recolhimento poderá servir como prova da atividade rural no momento em que os produtores requererem os benefícios da previdência e que muitas vezes eles desconhecem. Por isso, estamos conscientizando as empresas para que retenham o imposto e os produtores para que exijam essa retenção”, explica Carla Christine.

“Quando uma pessoa jurídica deixa de reter o imposto, o produtor perde a possibilidade complementar a prova de sua atividade. Com essa retenção poderá ser mais fácil se aposentar dentre outros benefícios. A alíquota de 1,5% retida é repartida da seguinte forma: 1,2% para o INSS; 0,1% para o RAT (acidente de trabalho) e 0,2% para o Senar. É com este percentual que o Senar cumpre a sua missão de qualificar o homem e a mulher do campo”, destaca Carla.

A reunião contou com a participação dos dirigentes das instituições fornecedoras selecionadas no processo seletivo do PAA 2019. Ao todo, R$ 1.467.813,78 foram destinados para 15 projetos contratados. “As associações se inscreveram no sistema SigPAA entre os meses de setembro e outubro. Os projetos foram ranqueados de acordo com os critérios de seleção e a disponibilidade de recursos. Recebemos os recursos no final do ano, estamos iniciando a execução desses projetos e a entrega dos produtos nas unidades recebedoras devem acontecer a partir de fevereiro”, diz Adriano Jorge, encarregado do Setor de Apoio à Logística e Gestão da Oferta da Conab.

Carla Christine: “Orientamos sobre direitos que o produtor muitas vezes desconhece”

O programa
A Modalidade Compra com Doação Simultânea promove a articulação entre a produção da agricultura familiar e as demandas locais de suplementação alimentar, além fomentar o desenvolvimento da economia local.  Tem a função de estimular a produção da agricultura familiar, apoiando a comercialização por meio da aquisição de alimentos para doação às famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional, atendidas por entidades socioassistenciais, e abastecendo equipamentos públicos de alimentação e nutrição – restaurantes populares, cozinhas comunitárias e bancos de alimentos.

O PAA, por meio da modalidade Compra com Doação Simultânea, atua em duas frentes: ao comprar o alimento diretamente do pequeno agricultor, valoriza e estimula a atividade da agricultura familiar, fortalecendo esse segmento, e incentiva a organização desses trabalhadores em cooperativas ou associações.

Ao destinar esses alimentos aos beneficiários consumidores, o programa contribui para o abastecimento das entidades, possibilitando a aquisição de alimentos in natura ou processados da produção familiar local, enriquecendo os cardápios oferecidos por essas instituições. O fornecimento de produtos orgânicos é privilegiado.

Os alimentos adquiridos são doados às entidades da rede socioassistencial (tais como: Centros de Referência de Assistência Social (Cras), Centros de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centros POP), equipamentos que ofertem o serviço de acolhimento e entidades de assistência social), aos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional (restaurantes populares, cozinhas comunitárias e bancos de alimentos) e, à rede pública e filantrópica de ensino.

Instituições discutem programa de incentivo à produção do leite na Zona da Mata

Projeto deve ser apresentado ao governador Renan Filho na próxima semana

Reunião aconteceu na sede da Sedetur

Instituições ligadas à agropecuária alagoana pretendem apresentar ao governador Renan Filho, na próxima semana, um programa de incentivo ao desenvolvimento da cadeia produtiva do leite na Zona da Mata. A decisão foi tomada na manhã desta segunda-feira, 3, em reunião realizada na sede da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo – Sedetur.

Participaram da reunião dirigentes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal –; Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar AL –; Sebrae; Federação da Indústria; Associação dos Criadores de Alagoas – ACA –; Sindicato dos Produtores de Leite de Alagoas – Sindileite – e da empresa Natville, que nos próximos 30 dias deve inaugurar uma unidade industrial no município de União dos Palmares com capacidade de processar 200 mil litros de leite por dia.

“A fábrica será inaugurada, no mais tardar, no início de março para a fabricação de produtos UHT – achocolatados, bebidas –, mas nós também pretendemos incluir o leite e o creme de leite. Toda a parte de produção de leite nós queremos desenvolver mais próximo da unidade para beneficiar o produtor local. A partir do relacionamento direto com o produtor, o preço pago será mais justo do que por meio de atravessadores”, comenta o diretor geral da Natville, Flávio Dantas.

“A chegada da Natville é fundamental para que nós possamos dar uma solução para a bacia de leite do nosso estado de forma rápida e coesa. Alagoas agora passa a ter uma grande indústria que garante a compra efetiva do leite de qualidade e a um preço justo. O que precisamos agora é unir os esforços das instituições para que a Zona da Mata volte a ser uma produtora relevante em Alagoas”, afirma o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito.

O projeto será elaborado por técnicos do Sebrae. A ideia é reunir a experiência tanto desta instituição, quanto do Senar Alagoas e da indústria para propor soluções, principalmente com foco na assistência técnica, tudo sob a articulação e o apoio do Governo do Estado. “Nós temos inclusive disponibilidade para aporte de recursos públicos e próprios nessa operação, para beneficiar, sobretudo, o pequeno produtor”, ressalta Brito.

Álvaro Almeida ao lado do secretário Rafael Brito: “Precisamos pensar também da porteira para fora”

“Hoje, no Senar, a palavra de ordem é assistência técnica e gerencial, então este é o melhor momento para juntarmos os esforços. Mas é importante não pensarmos somente da porteira para dentro. É preciso pensar da indústria para a frente, no comércio que vai absorver os produtos da indústria. Então é necessário que o comércio discuta, sugira, participe do convênio”, observa o presidente da Faeal, Álvaro Almeida.

O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, Zezinho Nogueira, também reforça a importância da assistência técnica. “Antigamente nós tínhamos uma Emater em que toda semana um técnico visitava a fazenda do produtor, perguntava o que estava precisando e sugeria uma técnica nova de produção. Hoje isso acabou e você precisa ter não só a fiscalização, mas a assistência técnica. No Sertão, as pessoas sabem produzir leite, plantar uma palma, fazer silo, feno. Na Zona da Mata ninguém sabe, pois a cultura sempre foi da cana-de-açúcar”, observa.

De acordo com o presidente do Sindileite, André Ramalho, programas de incentivo à produção já realizados em Alagoas devem embasar o novo projeto. “Temos experiências exitosas desde 2008, com o programa Territórios da Cidadania, do MDA, que incluía o território da bacia leiteira em Alagoas, com 11 municípios. A partir daí os produtores criaram associações, algumas delas evoluíram para cooperativas. Junto a isso também vieram o APL de Laticínios e o Crescer no Campo, programas do Sebrae, o Sertão Empreendedor, parceria entre Senar e Sebrae, que trabalharam justamente a assistência técnica e gerencial. Portanto, já temos um norte e a vinda da indústria contribuirá muito para o crescimento, agora, da Zona da Mata”, avalia.

Outras reuniões
“Precisamos organizar os programas de assistência técnica que já existem e unir o governo e as instituições para organizar esses programas junto com o laticínio âncora, para fomentar a produção de leite na Zona da Mata. Para isso, devemos não só buscar a assistência técnica, mas o incentivo à aquisição de material genético, de matrizes para que a gente possa desenvolver a região”, diz o presidente da ACA, Domício Silva.

Gestores da Faeal, Senar, ACA, Sindileite e Natville também estiveram na sede da Superintendência Federal da Agricultura em Alagoas, para discutir o assunto com o superintendente Alay Correia e técnicos da instituição. Posteriormente, foram recebidos pelo superintendente do Banco do Nordeste no Estado, Pedro Ermírio.

“A capacidade de produção da Natville, junto ao trabalho que vem sendo feito pela comissão do programa Agronordeste, que priorizou a atividade da bovinocultura de leite na integração e reestruturação das propriedades rurais, desde os pequenos produtores até os maiores, dinamizará toda a cadeia produtiva no estado de Alagoas”, pondera Ermírio.

Assunto também foi discutido na Superintendência Federal da Agricultura em Alagoas

Produção de fumo cresce 579% em um ano no agreste

Presidente do Sindicato Rural de Arapiraca apresenta resultados
Presidente do Sindicato Rural de Arapiraca apresenta resultados

Produtores de fumo do agreste de Alagoas registraram a maior safra dos últimos seis anos. Segundo estimativa do Sindicato Rural de Arapiraca – cidade-polo da região –, em 2019, cerca de 17.375 toneladas de fumo foram produzidas em uma área total de 15 mil hectares. Os resultados representam um crescimento de aproximadamente 579% se comparados às 3.000 ton de 2018. Uma guinada na produção que vinha caindo gradativamente desde 2014, quando a estimativa foi 14.084 mil toneladas em uma área de 9 mil ha.

Os dados foram apresentados na tarde dessa terça-feira, 28, em Arapiraca, durante o 12º Encontro de Produtores do Agreste. O evento anual reúne produtores rurais, secretários e representantes das secretarias de agricultura dos municípios de Arapiraca, Feira Grande, Craíbas, Girau do Ponciano, São Sebastião, Lagoa da Canoa, Limoeiro, Coité do Nóia e Taquarana, do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste, além de autoridades políticas e gestores de instituições ligadas à agropecuária.

“Em 2018 nós vivemos uma frustração de safra muito grande, mas, em 2019, tivemos um inverno mais uniforme e isso favoreceu ao desenvolvimento da cultura. O preço bom foi devido à pouca oferta do produto em função de uma precipitação pluviométrica baixa durante a safra 2018. A comercialização da safra 2018 foi realizada durante o ano 2019 e a safra 2019 é comercializada durante o ano de 2020, por isso a tendência é de preços menores do que a comercialização realizada no ano passado”, pondera o presidente do Sindicato Rural de Arapiraca, José Adailton Barbosa Lopes, organizador do encontro.

“O estoque é estratégico e regulador, pois, se o produto faltar, o preço aumentará demais e isso dificultará as negociações. Uma área plantada de 15 mil hectares é muito representativa em qualquer cultura no estado de Alagoas, mas essa produção precisa ser eficiente ao máximo para que as dificuldades sejam superadas, independentemente de qualquer política de consumo”, comenta o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal –, Edilson Maia.

Evento reuniu muitos produtores rurais

Indústria na região
Durante o encontro, os produtores rurais também puderam conhecer um pouco mais sobre a Amafil, uma das maiores empresas de processamento de mandioca do Brasil, que deve começar a funcionar em Alagoas no próximo mês de junho. Em construção no município de Teotônio Vilela, a unidade de produção de fécula terá capacidade de moer, em média, 240 toneladas de mandioca por dia.

“A Amafil vinha buscando um local para se instalar no Nordeste, que tem um dos maiores polos consumidores de fécula de mandioca. Precisávamos de uma região onde houvesse matéria-prima e água em quantidade e qualidade. Em Teotônio, encontramos tudo isso e uma prefeitura disposta a firmar parceria com a empresa, o que acelerou o processo de implantação da unidade”, rememora o gerente administrativo da Amafil em Alagoas, Anderson de Melo.

Para a deputada Jó Pereira, a chegada da Amafil sinaliza a interiorização da indústria em Alagoas e a valorização e aproveitamento da matéria-prima produzida no estado. “Nós temos vocação natural para produzir mandioca, o solo é propício, o agricultor alagoano sabe plantar e a Amafil traz a possibilidade de desenvolvimento econômico regional, por meio do que o campo produz, beneficiando toda a cadeia produtiva”, analisa.

“Vindo para Alagoas, a Amafil cria um novo momento para quem já vive plantando a mandioca com dificuldade, muitas vezes precisa vender para estados vizinhos e, com a chegada da empresa, passa a estabelecer um diálogo permanente com quem vai comprar”, diz o superintendente do Ministério da Agricultura, Pesca e Aquicultura – Mapa – em Alagoas, Alay Correia.

O vice-presidente da Faeal, Edilson Maia e a deputada estadual Jó Pereira ao lado do presidente do Sindicato Rural de Arapiraca, José Adailton Lopes