Produtores rurais e gestores de instituições ligadas à agricultura e pecuária estão preocupados com o processo de implantação do Centro Nacional de Pesquisa de Alimentos e Territórios da Embrapa em Alagoas. Diante da iminência de cortes no orçamento do Governo Federal, o receio é de que a unidade não seja instalada por falta de recursos financeiros. Em reunião realizada na manhã dessa quarta-feira, 20, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), representantes do agronegócio, da Federação das Indústrias (Fiea) e do Ministério da Agricultura decidiram solicitar, por meio do secretário da Agricultura, Ronaldo Lessa, uma audiência com o governador Renan Filho, para alertar sobre os riscos.
Durante a reunião, os representantes do setor produtivo, como o presidente em exercício da Fiea, José da Silva Nogueira Filho, e o presidente da Faeal, Álvaro Almeida, demonstraram apreensão com o cenário. “Não há dúvidas de que o Governo do Estado vem apoiando a implantação do centro de pesquisas da Embrapa em Alagoas, mas, diante da realidade econômica do país, com a necessidade de cortes financeiros para o equilíbrio das contas públicas, é preciso uma somação de esforços ainda maior para que um projeto tão importante não seja interrompido. A construção da Embrapa Alimentos e Territórios representa o avanço em tecnologias e inovação, tão esperado e importante para o desenvolvimento da nossa agricultura e pecuária. Por isso, criaremos uma comissão e conversaremos com o governador Renan Filho, para que o estado tome novas medidas e ajude a garantir a instalação do centro de pesquisa”, afirma Almeida.
A Embrapa Alimentos e Territórios foi criada com o objetivo de desenvolver pesquisas que promovam a agregação de valores aos alimentos produzidos no Brasil. O protocolo de cooperação entre o Ministério da Agricultura e o Governo Estado, para a criação do centro, foi assinado em maio de 2016. Hoje, em fase de implantação, a unidade funciona, provisoriamente, na sede do Sebrae, em Maceió. Conta com quatro cientistas, mas a previsão é reunir cerca de 40.
Caso o projeto não emperre por falta de recursos financeiros, a estimativa é de que o processo de implantação da Embrapa Alimentos e Território, com infraestrutura própria e equipe completa, seja concluído até 2022. Atualmente, os pesquisadores trabalham no mapeamento dos produtos agroalimentares típicos da biodiversidade da região. A ideia é criar um banco de dados virtual para que o consumidor possa conhecer e identificar onde esses alimentos são produzidos. Inicialmente, os estudos se concentram nos estados de Alagoas, Pernambuco e Sergipe.
Segundo o chefe geral da Embrapa Alimentos e Territórios, João Flávio Veloso, a decisão de implantar o centro de pesquisas em Alagoas atende a uma preocupação do Governo Federal em estabelecer projetos estruturantes para o desenvolvimento socioeconômico do semiárido do Nordeste e também está relacionada à alta potencialidade da região.
“O alimento tem muito a ver com a territorialidade, a história e cultura de um povo. Isso abre uma grande possibilidade de agregação de valor associada, por exemplo, ao turismo, pois o turista sempre procura experimentar alimentos típicos e, aqui, nós temos referências alimentares fantásticas, com possibilidades enormes para as cadeias produtivas, a exemplo do queijo coalho, feijão de corda, farinha, frutos tropicais, sucos e doces”, exemplifica João Flávio.
Hoje, apenas os estados do Espírito Santo e Rio Grande do Norte não abrigam nem têm projeto de instalação de um centro nacional de pesquisas da Embrapa.