Trabalho de assistência técnica no município de Estrela de Alagoas está vinculado ao Programa Agronordeste
As plantações de pinha dos sítios de Estrela de Alagoas, município do Agreste alagoano, vêm sendo atacadas pela antracnose desde 2014. Mas este ano, a doença causada por um fungo do gênero Colletrotichum provocou prejuízos ainda maiores. Agricultores perderam de 60% a 90% da produção. Na tentativa de resolver o problema, a comunidade acionou o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – e passou a ser atendida pelo programa Agronordeste. Hoje, 30 produtores são orientados a agir de forma preventiva e garantir as próximas safras.
O trabalho de orientação e acompanhamento é realizado pela engenheira agrônoma e técnica de campo do Senar Alagoas, Ellen de Oliveira. A solução indicada para os agricultores é um trabalho de limpeza, simples e fácil de fazer. “Todos os frutos afetados e as folhas com manchas provocadas pela doença devem ser retirados da área, levados para um local distante do pomar e incinerados ou enterrados em uma boa profundidade. Recomenda-se, no mínimo, um metro, mas pode ser de 30 centímetros, com pouca quantidade de material”, explica Ellen.
Segundo a técnica de campo, após a limpeza, também é possível fazer um tratamento com a utilização de fungicida. “É necessário que seja um produto específico para a antracnose e que tenha ação curativa. Neste caso, não é aconselhável utilizar um fungicida preventivo, uma vez que o fungo já se encontra na área”, pondera.
No povoado Jurema, o agricultor Adnaldo Brandão da Silva segue as orientações após ter visto a sua produção de pinha cair drasticamente. “Vinha gente de Recife, Aracaju e Maceió comprar aqui. Na safra sadia, eu vendia cem caixas de pinha, em 280 pés. Este ano, consegui fazer um lucro de 28 caixas apenas”, lamenta.
Hoje, além de fazer a limpeza da área plantada, Adnaldo procura conscientizar outros agricultores para que sigam à risca as orientações. “Se todos fizerem esse trabalho, provavelmente teremos mais pinha. Mas se acharem que não é necessário limpar, podar, daqui há dois anos eu acredito que não teremos mais uma fruta aqui. Nos últimos anos, a gente vem tendo perdas muito grandes e eu quero agradecer ao Senar, e especialmente à engenheira Ellen, que está acompanhando os donos dos sítios em Estrela”, reconhece.
Outras culturas
A antracnose pode acometer outras culturas. Nas propriedades atendidas pelo programa Agronordeste, em Estrela de Alagoas, a doença também afetou as plantações de feijão. “Esse gênero ataca diversas frutíferas, leguminosas e gramíneas, entre outras espécies. O manejo inadequado faz com que a antracnose seja transmitida facilmente dentro do campo. É o que está acontecendo nesta área”, observa Ellen de Oliveira.
O fungo produz uma massa de cor alaranjada, na parte externa do fruto. Com as chuvas, essa massa é lavada e, desta forma, a doença é transmitido em distâncias curtas. Daí a importância da limpeza total e, preferencialmente, da incineração do material recolhido.
“As folhas e os frutos não devem ser deixados no chão, pois servirão de fonte de contaminação. Se o material infectado não for retirado, queimado ou enterrado, o plantio terá antracnose na próxima safra, porque esse fungo consegue sobreviver em restos culturais, por possuir ações saprófita (obtendo nutrientes a partir de matéria orgânica em decomposição) e parasita. Enquanto houver hospedeiro, ele se reproduzirá”, alerta a engenheira agrônoma.
Ellen explica, ainda, que queimar o material é mais recomendável, pois acaba com os fungos oportunistas que aproveitam a situação de debilidade da planta, a exemplo da phytophthora, pythium e clamidósporos de fusarium, que possuem estruturas de resistência e podem permanecer até 20 anos no solo. “Se o produtor agir preventivamente, podemos dizer que as perdas serão mínimas”, garante a técnica de campo do Senar Alagoas.