A Peste Suína Clássica – PSC –, também conhecida como cólera ou febre suína, é uma doença altamente contagiosa, causada por vírus da família Flaviviridae, gênero Pestivirus, de genoma RNA. Afeta tanto os porcos domésticos quanto os selvagens. Não oferece riscos à saúde humana, nem a outras espécies de animais, mas é praticamente fatal para os suínos.

A engenheira agrônoma e coordenadora de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG – do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas –, Luana Torres explica como identificar os animais acometidas pela doença.

“Os sinais clínicos geralmente são depressão; febre alta, que pode chegar a 41 graus; amontoamento; conjuntivite; leucopenia severa; hemorragia e necrose das tonsilas; eritemas; outras hemorragias; e cianose nos animais de pele branca. Além disso, podem ocorrer petéquias e hemorragia nas mucosas, baço, pulmão e rins”, elenca Luana.

“Também é possível perceber que os animais com sobrevida de dez dias ou mais, depois que começam a demonstrar esses sintomas clínicos, têm chance de desenvolver sintomas que venham a afetar o trato respiratório intestinal, no caso, constipação seguida de uma severa diarreia”, acrescenta a coordenadora de ATeG do Senar Alagoas.

Nos casos de infecção crônica, o animal, depois que apresenta febre, tem uma recuperação transitória, mas que vem seguida da recorrência da febre. “Aí aparece a anorexia, o suíno não consegue se alimentar adequadamente, perde peso e consequentemente fica deprimido”, explica Luana.

Contaminação

A contaminação da Peste Suína Clássica geralmente ocorre por via oronasal. Segundo Luana Torres, a densidade populacional elevada, com muitos animais aglomerados em um espaço pequeno, ou a presença de porcos silvestres habitando o mesmo espaço que os domésticos pode favorecer a propagação da doença.

O período de incubação varia de 7 a dez dias. O vírus ataca células endoteliais, macrófagos, epiteliais específicas e linforreticulares. “Nos casos de infecção pré-natal, o vírus afeta a diferenciação dos órgãos e leva a uma série de malformações, abortos, natimortos, mumificação do feto. Já nos casos em que a infecção é pós-natal, os efeitos aparecem nos danos sofridos pelas células epiteliais e como trombose”, pontua Luana.

A taxa de mortalidade é mais alta entre os animais mais jovens. Nos mais velhos, a doença pode se manifestar de maneira subclínica.

Prevenção e controle

O diagnóstico da PSC se dá por meio do isolamento do vírus em cultivo celular. Para isso é utilizado o sangue ou suspensão de órgãos do sistema linfoide. A identificação do vírus se dá com o uso de anticorpos específicos. O resultado dos testes pode demorar até 7 dias. Outras opções de diagnóstico são as técnicas de imunofluorescência, o teste de E.L.I.S.A ou de RT-PCR. Mas Luana Torres ressalta que a melhor estratégia de combate à doença é a prevenção.

“É importante fazer o cercamento de toda a granja suína com tela de, no mínimo, 1,5 m de altura; para entrar na granja, todas as pessoas devem trocar de roupas e calçados; e o acesso de veículos de transporte de ração e suínos deve ser proibido. É por isso que as granjas suinícolas são reconhecidas por terem um controle muito severo, com a utilização de pedilúvio e rodolúvio”, observa.

Como a Peste Suína Clássica é uma doença de taxa de mortalidade muito alta, o controle se dá com a eliminação dos animais infectados do rebanho. “Além disso, é preciso investir sempre no bem-estar animal, na sanidade do local, evitar que o rebanho tenha contato com javalis, suínos silvestres, e limitar a movimentação dos animais vivos, da carne suína e de possíveis vetores. Não existe tratamento específico para a peste suína clássica, uma alternativa é que os porcos tenham alimentação e suplementação adequadas, com composto vitamínico, ácidos orgânicos. Isso vai aumentar o bem-estar e evitar que esse tipo de doença aconteça na granja”, diz a coordenadora de ATeG do Senar AL.

No último mês de maio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa – publicou a Instrução Normativa nº 10/2020, que autoriza o uso da vacina contra a Peste Suína Clássica – PSC) nos 11 estados da Zona Não Livre da doença, o que inclui Alagoas. De acordo com a norma, para o início da vacinação nos estados, o Departamento de Saúde Animal deve realizar avaliação específica da implantação do Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica.

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