As nascentes são fontes de vida para o campo e a cidade, cumprem um importante papel ambiental, mas necessitam de cuidados especiais para continuar oferecendo água de qualidade. Em Alagoas, o Mais Pasto, programa de consultoria para pecuaristas promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, em parceria com o Sebrae, contribui significativamente para essa preservação. Hoje, 875 nascentes estão protegidas em propriedades atendidas pelo Senar AL.
“Iniciamos esse trabalho em 2017, quando participamos do Programa Especial Proteção de Nascentes da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Naquele ano, conseguimos proteger 150 nascentes no período do projeto, com os nossos técnicos de campo do Mais Pasto trabalhando na identificação e na orientação das medidas protetivas nas propriedades”, relembra a engenheira agrônoma Luana Torres, coordenadora de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Alagoas.
Pecuaristas que participam do Programa Mais Pasto aprendem a proteger nascentes em apenas um dia de orientações. O processo envolve cinco etapas, que começam com a identificação da nascente. “Para proteger, você precisa conhecê-la, saber se é uma nascente de fundo de vale, de encosta ou de contato, que também nasce do lençol freático”, explica Luana.
O segundo passo é cercar a nascente. “A cerca vai impedir danos que podem ser causados por animais que pisoteiam ao redor, por trabalhadores ou veículos. Depois disso, vem a terceira etapa, que é a limpeza da área para que nada bloqueie o caminho da água e a nascente permaneça saudável. É necessário deixar a nascente livre de folhas, raízes, plantas invasoras ou daninhas e de terra que desliza, para que não acabe provocando lama. Deve ser feito um roçado, desde que não prejudique a fonte de água”, orienta a coordenadora de ATeG do Senar Alagoas.
O quarto passo é controlar a erosão. “É fundamental fazer a conservação do solo para evitar a erosão hídrica, impedir que as enxurradas soterrem a nascente e que esse solo fique compactado, pois isso impossibilita a infiltração de água. Há várias formas de combate à erosão, como melhorar a fertilidade do solo por meio de adubação ou uso do calcário, adotar plantio no contorno e terraceamento, e proteger o solo com a própria vegetação da área”, diz Luana Torres.
A quinta e última etapa para a conservação de nascentes é replantar espécies nativas, preparar o terreno, adubar, fazer as covas onde serão plantadas essas espécies. “Isso garante o sucesso da recuperação da área da nascente. A melhor técnica é imitar a natureza, reproduzir a vegetação original daquele lugar”, observa a engenheira agrônoma.