Valéria Arruda: “Cuidar de fazenda e lidar com peão não é um bicho de sete cabeças e a mulher se posiciona muito bem nessa função”

As mulheres têm ganhado cada vez mais espaço no meio rural e uma das justificativas é o aumento da presença feminina nas atividades do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar –, que oferece gratuitamente ações de capacitação profissional, promoção social e saúde em todo o país.

Na Assistência Técnica e Gerencial – ATeG –, que leva inovação e adoção de tecnologias para a melhoria da gestão de propriedades, são beneficiadas diretamente 7.235 produtoras rurais, 15,23% do total dos atendimentos dessa área. Ao todo, são 479 mulheres técnicas de campo que realizam o atendimento mensal aos produtores rurais na ATeG do Senar em todo o Brasil.

O público feminino também ganhou notoriedade na área de educação formal no campo. Desde 2015, o Senar oferece o curso Técnico em Agronegócio com duração de dois anos na modalidade semipresencial em mais de 100 polos de ensino em todo o Brasil. As mulheres representam 41,10% dos estudantes matriculados.

Em 2019, nas ações de formação profissional rural, promoção social e programas especiais, as mulheres responderam por 39,82% das pessoas atendidas pelo Senar.

A coordenadora de Formação Profissional e Promoção Social do Senar, Deimiluce Fontes Coaracy, explica que a instituição compreende a importância do papel da mulher no meio rural e atua para ampliar o protagonismo feminino.

“Nós temos observado que a cada ano há um crescimento de participação das mulheres nas ações do Senar. Quanto mais educação, mais informação essas pessoas recebem e mais entendimento dos seus direitos elas adquirem”, afirma Deimiluce.

A pecuarista alagoana Valéria Arruda é um exemplo do protagonismo feminino no agronegócio. Proprietária de uma fazenda no município de Olho D’Água Grande, ela decidiu participar do Mais Pasto, programa de assistência técnica do Senar Alagoas em parceria com o Sebrae, para aprimorar o gerenciamento da propriedade e melhorar a produtividade.

“O Mais Pasto foi um divisor de águas na minha vida profissional. Ele me deu um conhecimento muito grande do meu negócio e muito mais capacidade de decisão com relação à fazenda”, avalia Valéria.

Para ela, a presença feminina no agro é importante porque a mulher é bem mais detalhista que o homem. “Quando ela realiza um trabalho na sua propriedade, consegue fazer com mais organização. E também, isso é importante pra mostrar a sociedade que cuidar de fazenda e lidar com peão não é um bicho de sete cabeças e a mulher se posiciona muito bem nessa função”, comenta.

A pecuária é uma tradição familiar e Valéria Arruda convive com o meio rural desde a infância. “Na minha casa, onde meu pai vem de tradição de fazenda desde o meu avô, só nasceram filhas. Minhas irmãs procuraram outras profissões e só eu quis ser do campo. Me formei em agronomia e fui trabalhar na fazenda. No início tive bastante dificuldade porque a atividade da fazenda era gado de leite, mas depois que troquei para gado de corte não tenho mais problema”, relembra a pecuarista.

“O grande desafio é fazer o setor primário utilizando todas as tecnologias necessárias, como correção de solo para um plantio adequado, pastoreio voisin, aplicação racional de defensivos agrícolas, oferta de uma água adequada aos animais, pra que se tenha o máximo de lucratividade. E isso o Mais Pasto tem me dado. Pode não parecer, mas se o produtor não procurar tecnologia para otimizar sua atividade, ele fecha as “porteiras” e tem que procurar outro ramo de atividade”, observa Valéria.

Liderança feminina – A participação feminina em espaços de liderança do agro vem registrando aumento expressivo. Atualmente, são 105 mulheres presidentes de sindicatos de produtores rurais no Brasil.

Programa de desenvolvimento de lideranças, o CNA Jovem também apresenta uma evolução na participação feminina. Houve um salto de 32,2% na primeira edição, em 2014, para 42,7% em 2019.

Com foco na saúde preventiva, o Senar possui o programa Saúde da Mulher Rural. As ações têm como foco prioritário a educação em saúde, diagnóstico precoce, vacinação, questões de gênero, prevenção do câncer do colo do útero, da mama e de infecções sexualmente transmissíveis.

Em 2019, aproximadamente 13 mil mulheres participaram das ações do programa Saúde da Mulher Rural. Desse total, mais de 9.500 mulheres realizaram exames preventivos.

Com informações da CNA Brasil.

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