Produtores rurais, técnicos, consultores e representantes de entidades setoriais participaram, no último dia 13, do segundo encontro do Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro, para divulgar os custos de produção da cana-de-açúcar na safra 2022/23 no Nordeste e 2023/24 no Centro-Sul.
O evento foi promovido pela CNA, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Alagoas (Faeal), na Fazenda Santo Antônio, em São Miguel dos Campos.
Na abertura do circuito, o presidente da Faeal, Álvaro Almeida, agradeceu a presença dos mais de 80 participantes do evento e destacou a importância da cana para a geração de renda e emprego no Estado. “Essas discussões sobre novas tecnologias e melhoramento de custos são fundamentais e de grande interesse para os produtores”.
O vice-presidente da Faeal, Edilson Maia, conduziu uma visita técnica a campo para mostrar novas tecnologias voltadas a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. “Proporcionamos um dia como esse para trazer melhores resultados e informações para continuidade da atividade da cana-de-açúcar em nosso estado”, diz.
De acordo com a assessora técnica da CNA, Eduarda Lee, neste ano foram realizados 15 painéis de levantamento de custos da cana em Goiatuba e Rio Verde (GO), Iturama e Campo Florido (MG), Dourados (MS), Nova Olímpia (MT), Jacarezinho (PR), Recife (PE), João Pessoa (PB), Maceió, Barretos, Penápolis, Batatais, Pirassununga e Bebedouro (SP), com o apoio de técnicos do Pecege Consultoria e Projetos.
Durante o evento, a analista de Custos do Pecege, Ana Carolina França, apresentou as análises de custos de produção da cana e o comparativo entre regiões. Segundo ela, o Nordeste registrou produtividade média de 68,8 toneladas por hectare e 123,5 Kg de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR)/ton. Para a região Centro-Sul, os valores médios foram de 82,5 t/ha e 136,7 kg de ATR/ton.
Ana informou que na região Nordeste, onde a safra 2022/23 ainda seguiu pressionada pelo preço dos insumos, a recuperação de 17% na produtividade impactou na melhor diluição dos custos fixos em R$/ton. Para a região Centro-Sul, os bons resultados de produtividade e a redução nos preços dos insumos, principalmente na classe dos fertilizantes, contribuíram para a redução nos custos de produção.
Na média dos levantamentos, a composição do Custo Total (CT) da cultura é representada principalmente por tratos de cana soca (23%), colheita (24%) e remuneração da terra (20%). Em relação aos custos com insumos na cultura da cana, a analista afirmou que, no Nordeste, eles representaram 29% do Custo Total na Safra 2022/23. Quanto aos fertilizantes, estes continuaram representando cerca de 62% dos gastos gerais com insumos.
“Avaliando os resultados da região Nordeste, os valores de margem e lucro foram semelhantes aos encontrados no levantamento passado. Os insumos, em especial fertilizantes e diesel e custos relacionados à mão de obra continuaram impactando nos resultados da região”, disse Ana Carolina.
Em seguida, o sócio da KP Consultoria, Gustavo Santos, fez uma palestra sobre fertilizante organomineral na produção de cana-de-açúcar. Ele destacou os fatores responsáveis por perdas de produtividade em canaviais brasileiros, sendo eles a compactação do solo, plantas daninhas, nutrição, falhas canavial, doenças e pragas e como esse tipo de fertilizante pode auxiliar o produtor a reduzir perdas.
“O organomineral é um produto resultante da mistura física ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos e essa mistura pode ser feita de diferentes formas. No organomineral, a grande estrela é a matéria orgânica porque ela traz uma série de benefícios para a parte física, química e biológica do solo”, disse.
Para Gustavo, trazer o fertilizante organomineral para a agricultura é ter uma destinação nobre de resíduos orgânicos. “Esses produtos possuem composição e umidade variáveis, boas propriedades mecânicas, liberação gradual dos nutrientes, maior eficiência de absorção de nutrientes pela planta, menor efeito salino e não apresentam segregação”.
Já o professor da Esalq/USP, Pedro Yamamoto, falou sobre o controle biológico de pragas na cultura da cana. Ele afirmou que o produtor rural precisa ter conhecimento básico das pragas para fazer um bom manejo. “É necessário saber quais pragas controlar, por que, onde, quando, quanto tolerar e como para não ter perdas econômicas”.
Pedro citou como pragas principais da cana-de-açúcar a cigarrinha, a broca e o bicudo, mas que suas relevâncias podem mudar dependendo da região. “Na cana, as pragas de solo também são muito importantes, pois elas atacam as raízes da planta. E muitas vezes a gente não vê o problema, mas a consequência dele”.
De acordo com Yamamoto, para saber onde e como controlar as pragas, o produtor deve realizar o monitoramento e, quando necessário, fazer a integração e uso de diferentes táticas e ferramentas de manejo de pragas. Ainda em sua apresentação, o professor falou sobre o uso de bioinsumos na cultura da cana e o controle biológico aplicado.
No circuito, o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Nelson Perez, também esclareceu os principais pontos do Projeto de Lei 3149/2020, que trata do repasse de parte da receita gerada pelos Créditos de Descarbonização (CBios) aos produtores independentes de biomassa. O PL está na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
Também estiveram presentes no encontro o superintendente do Senar Alagoas, Fernando Dória, a superintendente-adjunta Luana Torres, e o gerente de ATeG Sidney Rocha. O prefeito de São Miguel dos Campos, George Clemente, o vice-presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), Alexandre Lima, o presidente da Cooperativa Pindorama, Klécio Santos, o presidente do Grupo Carlos Lyra, Aryl Lyra, além de presidentes de sindicatos rurais da região também participaram do evento.